No inicio do ano passado fui apresentando a essa técnica de pesca desenvolvida no Japão.
Fiquei surpreso com a eficácia da nova modalidade, que fisgava inúmeras espécies de peixes, que normalmente não eram comuns quando utilizando a técnica comum do speed jig.
Estávamos “jigando” próximo do fundo de pedras e cascalhos, e não demorou muito para começarmos a fisgar muitos Xaréus Brancos. Peixe que pescávamos eventualmente, agora eram fisgados com muita facilidade e o trabalho da metal jig era super lento, comparado a técnica anterior. Não só Xaréus, mas vermelhos, pargos, linguados e até polvos eram atraídos pelo movimento das iscas. Também peixes de nado mais rápido, como Enchovas e Olhetes atacavam os jigs, mesmo naquelas horas de menor atividade. Então fui testar a técnica nos cascalhos profundos, onde normalmente pescávamos com pargueiras.
Dois pescadores ficaram pescando na técnica antiga, utilizando pargueiras de 3 anzóis e iscas de lulas e filés de bonito, e outros 2 pescadores pescando no slow jig. Assim poderíamos comparar qual técnica seria mais produtiva. Assim que começamos a trabalhar os jigs, começamos a fisgar Pargos grandes, Namorados, Chernes, Batatas e Garoupas. Nas pargueiras muitos pargos pequenos, alguns maiores e eventualmente alguns Namorados e Chernes. Porém no slow jig foi um show de pescaria, só peixe bom e com uma frequência nunca vista antes.
Outra coisa que gostei muito da nova técnica, é que não é necessário ser um atleta da pesca para praticá-la. Podendo crianças, mulheres e pescadores de maior idade, praticá-la sem maior esforço fisco, ao contrario do speed jig.
A partir de então, fiquei cada dia mais entusiasmado, e comecei a buscar mais informação de equipamentos e técnicas do novo Slow Jig. Fatalmente acabei caindo nos canais Japoneses, onde fui apresentado ao trabalho do Norihiro Sato, na minha opinião o criador do Slow Jig. Um cara super simples, simpático, e sem frescuras, dá ótimas dicas e explicações.
Na minha opinião, neste tipo de pesca o astro maior é o Jig, é ele quem faz a diferença, depois vem o trabalho que será realizado pelo pescador com auxílio dos movimentos de manivela e vara. A técnica chamada “ Jerking “ consiste em deixar cair a isca até o fundo, já na caída ela desce trabalhando. Porém se você quiser que ela desça direto para o fundo mais rápido, basta aplicar uma leve pressão sobre o carretel com o dedo, gerando uma leve tensão sobre a linha o que faz o jig permanecer na vertical e descer mais rápido.
Uma vez no fundo, iniciar o “pich” ou seja, colocando a vara num ângulo de 90 graus em relação ao nosso corpo, damos uma ½ manivelada rápida e paramos, isso faz uma tenção forte e repentina sobre alinha, fazendo a ponta da vara descer e em seguida ela volta na posição normal. Este movimento faz a isca dar um pulo e quando para, vira para o lado. Neste instante damos outra ½ manivelada e paramos, e assim por diante. Podemos intercalar ½ volta com 1/3 e até 1 volta, sempre esperando a vara fazer o trabalho dela antes de iniciar a nova manivelada.
Depois de algumas maniveladas dê uma paradinha de 2 a 3 segundos e continue trabalhando em seguida, é nesse momento de parada que a isca é atacada geralmente. O ângulo da vara em relação ao nosso corpo é importante, com a vara mais alta, a resposta da ponta será mais forte e rápida, já com a vara mais baixa a resposta será menor e mais lenta.
Outra técnica é o “Long Falling”, que consiste em uma vez a isca no fundo, levantar a vara bem na vertical e dar uma volta de manivela durante a elevação. Quando a ponta da vara estiver bem alta, rapidamente descemos a ponta da vara até quase tocar a água e esperamos a queda da isca até que ela tencione novamente a linha. Neste momento iniciamos novamente a elevação da vara junto com mais uma manivelada até o ponto máximo e em seguida a descida brusca até bem em baixo. Isto faz a isca subir rapidamente uns 3m, (2m da levantada de vara + 1 m da recolhida) e em seguida na queda ela trabalha 2 m de queda. Quase sempre o peixe vai atacar quando a isca estiver caindo. Esta técnica pode ser intercalada com o “Jerking “.
O Jig
Existem vários tipos, mas no geral tem formato assimétrico, tornando sua caída mais lenta. Podendo descer em zig zag, aspiral ou lentamente como uma folha de árvore caindo. Notei que os jigs de queda mais lenta são melhores para fisgar peixes que costumam ficar mais próximo do fundo, como Garoupas, Chernes, Pargos, Vermelhos, linguados, Pargos entre outros.
Os jigs de queda em z, são melhores para peixes mais rápidos, como olhetes, enchovas, olho de boi e Xaréus. Para profundidades de 10 a 40 metros gosto de utilizar jigs de 40 a 100 g. Já para locais com 70 a 90m jigs com pesos de 120 a 200 g. Nestes locais mais profundos jigs com detalhes em glow fazem a diferença, em função da pouca luz presente nestas profundidades.
Os mais comuns encontrados no mercado são:
Destroyer da VFox, Noka e Mig da NS, Slow Blatt R e S da ZetZ , entre outra infinidade de modelos e tamanhos encontrados a venda.
Assist Hooks
Para esta modalidade é importantíssimo usar anzóis de qualidade superior e próprios para slow jig, os anzóis da Pike, Gamakasu, e Shout são fantásticos. Uso anzóis 1/0, 2/0 e 3/0 dependendo do tamanho do jig utilizado. Coloco um assit hook duplo na parte superior e um simples mais curto na parte inferior do jig.
Vara
Ela é a responsável pelo trabalho correto da isca na maioria das vezes, portanto deve ser própria para este tipo de pesca. Sendo assim, também deve ser específica para o peso de jig utilizado. Varas mais leves para jigs de 40 a 100 g, não conseguem dar o movimento adequado a jigs mais pesados e vice versa.
Carretilha ou Molinete
Devem ter um recolhimento de 80cm a 100cm por manivelada, manivelas com 8 a 10 cm. Grip bem confortável, pois o movimento ou “pich” é feito com a manivela. Prefiro carretilha, pois dá maior controle na descida do jig, mas nada impede de se usar molinete. Pratique com manivela esquerda e direita e veja qual você se adapta melhor.
Eu sendo destro, sempre uso manivela esquerda, porém no slow jig você tem que usar bastante coordenação na manivelada, e pouco trabalho de vara. Sendo assim me adaptei melhor com manivela direita nesta modalidade. Também prefiro as carretilhas com “ drag “ tipo estrela ao invés das “ level drag” para esta modalidade.
Modelos mais comuns: Saltiga SASD 15 H da Daiwa, Maxel Hybrid 20hy, Ocea Jigger da Shimano.
Linha
Devem ser de multifilamento de qualidade superior, sendo o mais fina possível, porém bem resistentes. Eu utilizo linha PE 2 com resistência de 40 lb , ou PE 3 com resistência 55 lb para pesca de peixes maiores. Lider de fluorcarbon variando de 30 a 50 lb.
Espero ter esclarecido e entusiasmado novos adeptos desta modalidade de pesca, que com certeza vai virar uma febre entre os pescadores nos próximos anos.
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Grande Abraço,
Comandante Nils